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sábado, 17 de março de 2007

Carregadores

Eis o resultado do concurso "Carregadores", foram belos trabalhos enviados por e-mail, foi difícil escolher dentre eles o melhor, precisei de uma ajuda técnica para termos uma solução, convidei uma equipe formada por seis julgadores, dentre eles um jornalista, dois mestres em português, um artista plástico, um escritor e finalmente eu! Por isso não consegui o resultado no prazo previsto! Grato aos amigos colaboradores da comitiva de avaliação, quais fizeram por amor e dedicação e sem interesses lucrativos, agradeço aos 57 amigos participantes com os seus belos trabalhos e a confiança depositada a este evento!!
Foi levado em caráter de avaliação a criatividade, a ligação perfeita com o tema e a foto, a escrita e principalmente a sensibilidade. Cada trabalho levou uma pontuação de cada membro da equipe avaliadora, a qual pontuou de 0,0 a 10, após feito isso houve a some e a média. Não houve caso de empate!
Apreciem os trabalhos vencedores de BiláBernardes e Cristiane de Ângelo!!


Carregadores

Quando era criança
me indignava
com fotos e fatos
de pessoas humildes
transportando liteiras
carregando a elite
pelos caminhos

Meu coração pequenino
questionava:
Como poderia existir,
trabalho tão vil?
pessoas obrigadas
transformadas em instrumento
sem vontade
desejos esquecidos
esquecerem que eram gente?

Volto hoje a ver as cenas
que a História me assombrara
Não são pessoas que carregam agora
É a dor do desemprego
É o peso da exclusão
É a opressão das cidades
É a limpeza do mundo
em suas mãos calejadas
em seus corpos cansados
esculpidos ainda meninos
carregando cargas
maiores que o peso esperado

Hoje não mais
escravos de senhores
ainda carregam a elite
são escravos de um sistema
que arrebata dignidade
e distribui
cada vez mais dores.
Será que percebem
que não é opção?
-- BiláBernardes


CARREGADORES.

Somos todos carregadores. Destinados a carregar conosco o DNA de nossas famílias e com sorte o nome também. Por outro lado a vida nos impões a captura de um emaranhado de experiências que acabam por construir o que somos, carregamos então o peso dos sonhos e das mazelas de nossas vivências.
A sociedade nos leva e nos impõe a medidas, preconceitos, estatísticas, leis degradantes, indução ao consumo... E para que não nos tornemos marginalizados por ela, acumulamos mais pesos, sem percebermos que estamos empurrando, arrastando, trocando de lugar a espera de um descanso, um alívio, uma saída... Nossos dias de violência são "peso pesado", somos violentados e nos violentamos.
Enfraquecemos as leis e queremos que elas nos protejam. Não respeitamos os limites da natureza e não queremos o ar poluído, o calor excessivo, as tsunamis, o efeito estufa... Esses são os pesos da ignorância e os carregamos sem nos darmos conta de nada. Há um paradoxo!
As guerras, a fome, as desigualdades sociais e o próximo não são pesos e constantemente insistimos em vê-los como tal, não nos importamos, não chamamos pra nós as responsabilidades, afinal está acontecendo com o vizinho ao lado e não conosco!
Talvez esteja aqui a solução, se cada um de nós nos desembaraçássemos de tudo que nos assedia e que nos leva a carregarmos coisas desnecessárias, seria possível um novo olhar.
Contribuiríamos para a melhoria mundial sem pensarmos que é obrigação ou culpa deste ou daquele! Assim não carregaríamos pesos, levaríamos fardos leves.
Seriamos carregadores apenas de amor e paz, pois é o que o mundo precisa... Chegaríamos mais rapidamente ao lugar do sonho. "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Jesus Cristo.
*Referencias: CRISTO, Jesus. Evangelho de Mateus. Bíblia Sagrada, cap.11, vers. 28,29 e 30.
-- Critiane de Ângelo