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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Má sorte


Vida feita de ilusões
Sopro em alma sombria
Aquece-me sem sentido
O odor da tua maresia

Silabar terno de paixões
Ofegante sonhar contido
Para onde enfim vagueio
Para onde por fim anseio

Suor de corpos decompostos
Em gélida suave ternura
Beleza fugaz sem rosto
Doce sabor da tua amargura

Vida feita de desilusões
Apelos meus em ecos mudos
Esbatem-se num só gemido
Por entre teus vales surdos

Eternas grades de vãs prisões
Por entre o som esquecido
Para onde por fim murmuro
Para onde enfim sussurro

Ardilosa foz em longo desaguar
Gotas secas de tua chuva torpe
Presas do meu triste lacrimejar
Partem por fim agora
Adeus
Boa sorte...

António de Almeida

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